Mantemos a coerência
Devemos manter a coerência:
Não usamos palavras diferentes para dizer a mesma coisa. Manter a coerência facilita a compreensão. Quando, num mesmo texto, usamos palavras diferentes para falar da mesma coisa, obrigamos o leitor a questionar-se se ainda estamos a falar do mesmo. A escrita técnica é diferente da literária: a sua função é informar de forma eficaz - precisa de ser correta, não precisa de ser bonita.
Escrevemos |
Não escrevemos |
Por favor preencha e envie o formulário. Se preferir, pode entregar o formulário numa repartição de Finanças. |
Por favor preencha e envie o formulário. Se preferir, pode entregar o documento numa repartição de Finanças. |
- na forma como escrevemos as palavras
Há palavras que têm dupla grafia. Devemos optar por uma das duas e usá-la sempre. A coerência é fundamental para assegurar uma comunicação eficaz.
Sempre que uma palavra é de dupla grafia, devemos optar pela opção mais próxima da grafia antiga.
Respeitar algumas regras para o uso de maiúsculas e minúsculas
As maiúsculas no meio das frases dificultam a leitura. Por isso, não devem ser usadas arbitrariamente, nem para conferir dignidade ou destaque a uma palavra. Para facilitar a vida ao nosso leitor, devemos respeitar algumas regras para o uso de maiúsculas e minúsculas iniciais.
Começamos com maiúscula:
- nomes de pessoas, países e vias públicas: Manuela, Portugal, Praça do Chile
- nomes de instituições, organismos públicos, órgãos de soberania, atos de autoridade do Estado: Governo, Ministério da Justiça, Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Supremo Tribunal de Justiça, Decreto-Lei n.º 11/2017
- referência ao Cidadão e Cidadãos pela sua relevância no contexto da relação com a Administração Pública
- nomes de cargos, postos ou dignidades hierárquicas: Ministro, Diretor-Geral
- nomes de serviços, programas e iniciativas públicas: Portal do Cidadão, Orçamento Participativo.
Começamos com minúscula:
- os nomes comuns, mesmo que designem realidades importantes para os organismos públicos e das quais falamos com frequência: portugueses, consumidor(es), propriedade industrial, marca, patente
- os nomes de meses e estações do ano
- os pontos cardeais: norte, sul, este, oeste (exceto quando façam parte de um nome próprio: Pólo Norte, Pólo Sul).
Escrevemos |
Não escrevemos |
email |
Email |
portugueses |
Portugueses |
internet |
Internet |
Evitamos escrever palavras ou frases inteiras em maiúsculas
As letras minúsculas têm diferentes tamanhos e formas. Essas formas são automaticamente reconhecidas pelo nosso cérebro, para facilitar e acelerar o processo de leitura. Quando escrevemos uma palavra ou uma frase inteira em maiúsculas, eliminamos essas diferenças de tamanho que permitem ao nosso cérebro reconhecer formas e acelerar a leitura. Uma frase escrita em maiúsculas é uma mancha de texto uniforme, que obriga o cérebro a interpretar letra a letra aquilo que está a ver.
Além disso, a escrita de palavras ou frases inteiras em maiúsculas está tradicionalmente associada a uma chamada de atenção agressiva. Na comunicação online, por exemplo, usa-se quando se quer dar a entender que se está a gritar. É, também por isso, uma escolha de destaque pouco simpática para o leitor.
Respeitar algumas regras quando falamos de números
Há muitas maneiras de falar de números. Se respeitarmos algumas regras e uniformizarmos a forma como escrevemos, minimizamos as dificuldades de interpretação e os enganos.
Escrevemos por extenso os números de um a dez
A partir de dez, usamos algarismos (exceto no início das frases).
Exemplo: O portal está organizado em cinco secções com 15 páginas cada. Doze delas dizem respeito ao registo.
Para idades, grandezas e referências temporais (datas e períodos de tempo), usamos sempre algarismos
Exemplo: A Maria tem 3 meses e pesa 6 quilos. Nasceu a 12 de junho. O seu cartão de cidadão é válido por 3 anos.
Dividimos os números em grupos de três algarismos, separados por um ponto
Não deixamos espaço entre os números e o ponto.
Escrevemos |
Não escrevemos |
12.458 |
12 458
12458
12. 458
|
1.567 |
1 567
1567
|
345.789.098 |
345 789 098
345789098
345.789 098
|
Se o número for grande, podemos escrevê-lo de duas maneiras:
- 1,2 mil milhões, e não 1.200 milhões (exceto quando houver mais de três décimas depois da vírgula, como em 1,2505 mil milhões; neste caso, escreveríamos 1.250,5 milhões)
- 10 milhões e 800 mil (parte por extenso e parte em algarismos)
Nunca usamos como referência uma ordem de grandeza maior do que aquela que define o montante em questão.
Escrevemos |
Não escrevemos |
500.000 |
0,5 milhões |
Se o número tiver casas decimais:
- usamos uma vírgula para separar os números decimais dos inteiros
exemplo: 23,76
- só usamos ponto à esquerda da vírgula
exemplo:1.456,98 ou 890.765,90
- referimos, no máximo, três casas decimais
exemplo: 13.897,896
Quando queremos referir intervalos de números, escrevemos “de X a Y ”.
Só usamos hífen para referir intervalos de números se estivermos a escrever dentro de tabelas.
Exemplos:
Vamos atender primeiro os números de 15 a 20.
Idades elegíveis |
Idades não elegíveis |
15 - 20 |
20 - 25 |
Para escrever percentagens, usamos o símbolo % à direita do número.
Não deixamos espaço entre o número e o símbolo.
Escrevemos |
Não escrevemos |
98% |
98 % |
Escrevemos por extenso os números ordinais do primeiro ao nono.
A partir do 10.º, escrevemos o número seguido de um ponto e do símbolo º (10.º). O ponto antes do º ou ª é essencial, porque é uma abreviatura. Podemos não escrever por extenso sempre que a necessidade de economia de espaço o justifique.
Escrevemos |
Não escrevemos |
10.º
|
10º
10 º
|
Para as quantias seguimos as mesmas regras que para os números
Escrevemos o símbolo € à direita da quantia, deixando um espaço entre o último algarismo e o símbolo. E usamos uma vírgula para separar os euros dos cêntimos.
Só referimos as casas decimais, quando o valor em questão não for um número inteiro.
Escrevemos |
Não escrevemos |
22,56 € |
22.56 €
22,56€
€ 22,56
|
23.456,89 € |
23456.89 €
23 456,89 €
23.456,89€
|
25 € |
25,00 € |
Preferimos o símbolo € à abreviatura EUR. No meio de um texto, sempre que possível, escrevemos a palavra por extenso: 12 euros.
Escrevemos as palavras euros e cêntimos com letra minúscula.
Quando nos queremos referir à moeda escrevemos “euro”. Quando falamos de quantias escrevemos “euros” (a menos que seja apenas um 1 euro).
Quando usar espaço fizer com que o número e o símbolo fiquem em linhas diferentes (por exemplo, numa tabela), não deixamos espaço. É preferível que o número e o símbolo fiquem colados do que em linhas diferentes.
Respeitar algumas regras para escrever as datas
Escrevemos as datas de uma destas formas:
- 1 de maio de 2017
- 1-05-2017
Preferimos a forma “1 de maio de 2017” porque é aquela que, lida, se parece mais com a forma como falamos normalmente. Se tivermos falta de espaço, optamos pela forma abreviada.
O ano deve ser sempre indicado por inteiro, para evitar confusões como, por exemplo, 12-03-13 (seria difícil adivinhar qual dos números se refere ao dia e ao ano).
- Para indicar um período de tempo, escrevemos “de 12 de maio de 2017 a 15 de maio de 2017” ou “de 13-05-2017 a 15-05-2017”. Não usamos hífens (13 de maio - 15 de maio; 13-05-2017 - 15-05-2017).
- Evitamos referências como “trimestre” ou “semestre”. Preferimos indicar os meses que determinam o período: de janeiro a março, por exemplo.
- Sempre que usarmos referências temporais como “hoje”, “ontem” ou “amanhã”, indicamos a data a que se referem entre parêntesis.
Respeitar algumas regras para escrever as horas
Para escrever as horas usamos os seguintes formatos:
Se quisermos indicar uma duração, escrevemos assim: 30 minutos, 1h, 2h30. Se estivermos a referir-nos a horas certas, podemos escrever “2 horas”.
Usamos sempre o formato 24h, ou seja, escrevemos 15h00 e não 3h00 p.m. para dizer que são três da tarde.
Exemplos: A loja do cidadão não está aberta 24h. O processo de registo levará cerca de 2h / O processo de registo levará cerca de 2 horas. Preencher o formulário demora menos de 15 minutos.
Evitar usar abreviaturas e siglas
Usamos designações por extenso em vez de abreviaturas, siglas e acrónimos.
A menos que sejam abreviaturas, siglas ou acrónimos muito conhecidos (por exemplo, GNR, NATO, EUA), escrevemos por extenso a designação a que se referem, pelo menos da primeira vez que aparecem. Neste caso, escrevemos entre parênteses a abreviatura, sigla ou acrónimo, para o leitor os reconhecer quando voltar a lê-los. Não utilizamos siglas se não precisarmos de repeti-las mais adiante no texto.
Esta regra deve ser aplicada mesmo quando falamos de departamentos/organismos governamentais.
- Evitamos utilizar abreviaturas como “Ex” ou “etc”, porque os programas de tradução de texto para áudio podem não saber ler corretamente estes termos e isso compromete o acesso à informação.
- Não colocamos pontos finais após cada letra do acrónimo.
Escrevemos |
Não escrevemos |
ONU |
O.N.U. |
- Quando for preciso defender que um acrónimo é amplamente conhecido da audiência (o que torna desnecessária a escrita por extenso daquilo a que se refere), devem ser apresentadas evidências de que pelo menos 80% da audiência o conhece e utiliza.
- Para fazer o plural de siglas e acrónimos utilizamos sempre “s” minúsculo, sem apóstrofe.
Escrevemos |
Não escrevemos |
URLs |
URL's |
emails |
email's |
Evitar usar estrangeirismos
Preferimos usar palavras em português. Sempre que possível, evitamos expressões ou palavras escritas em línguas estrangeiras. Só usamos o termo noutra língua quando este for comprovadamente mais conhecido e utilizado do que a alternativa em português.
Escrevemos |
Não escrevemos |
entrar |
login |
sair |
logout |
internet |
rede informática mundial |
online |
em linha |
email |
correio eletrónico |
link |
hiperligação |
Não escrever endereços de email
Para evitar que os emails se tornem alvo de spam, sempre que for necessário remeter para um endereço de email deve remeter-se para um formulário de contacto.
Respeitar algumas regras quando usamos aspas
Usamos as aspas «» para citar alguém ou um documento .
Exemplo: «a nossa missão é proteger e promover a propriedade industrial», afirmou o porta-voz do INPI.
Usamos as aspas “ ” quando empregamos uma expressão que não deve ser entendida no seu sentido literal (como um provérbio popular). Contudo, devemos ter muito cuidado com este tipo de referências porque podem resultar em interpretações erradas.
Também recorremos às aspas “ ” quando precisamos de reproduzir de forma muito precisa uma expressão. Exemplo: Envie-nos o documento em formato “.doc”
Evitar fazer referência a marcas registadas
Preferimos usar designações genéricas a referir marcas registadas. Por exemplo, escrevemos tablet e não iPad.
Usar o negrito e o itálico apenas quando for indispensável
Se precisamos de fazer um destaque, usamos preferencialmente o negrito. A melhor forma de destacar conteúdos num texto, e ajudar o leitor a navegar no texto e a encontrar primeiro a informação que mais lhe interessa, é criando títulos informativos destacados a negrito.
Evitamos o itálico e o ALL CAPS porque alteram a forma das palavras e dificultam a sua compreensão. Em vez do itálico, podemos usar aspas simples (“,”).
As letras minúsculas têm diferentes tamanhos e formas. Essas formas são automaticamente reconhecidas pelo nosso cérebro, para facilitar e acelerar o processo de leitura. Quando escrevemos conteúdos em maiúsculas ou em itálico, o nosso cérebro perde algumas das referências que lhe permitem acelerar a leitura.