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Livro de Estilo

Escrever I - a clareza

Para produzir conteúdos claros, é preciso aplicar técnicas de escrita em linguagem clara em diferentes momentos da criação do texto. Algumas das mais importantes são as orientações relativas à escrita. São elas que nos vão permitir escolher palavras e expressões conhecidas pelo público em geral e frases simples, que não excluam quem tem menos literacia.

Usar palavras claras 

A clareza na escrita depende, em grande medida, do grau de dificuldade das palavras que usamos. Palavras menos conhecidas são mais difíceis de interpretar. Mesmo quem as conhece precisa de fazer um esforço maior de interpretação. E se essa interpretação tiver de ser feita ao final de um dia de trabalho, maior o esforço. 

A informação disponibilizada no Justiça.gov.pt deve ser de fácil e rápida consulta. As pessoas não têm tempo a perder quando precisam de tratar de assuntos da sua vida prática. As palavras conhecidas são de interpretação automática. É por isso que as preferimos.

Por outro lado, as palavras “caras” são desnecessárias e dificultam a compreensão do texto por parte de pessoas com menos literacia. Os termos técnicos podem sempre ser explicados por especialistas - como quem escreve para o Justiça.gov.pt a respeito da área em que trabalha.

Nesta secção encontra orientações para:

  1. Escolher palavras simples
  2. Evitar ou explicar os termos técnicos

 

1. Escolher palavras simples

Quando escrevemos para a Plataforma Digital da Justiça, devemos optar sempre pelas palavras mais conhecidas. O nosso objetivo é usar uma linguagem que esteja o mais próxima possível da linguagem natural usada pelas pessoas no dia a dia. 

Porquê?

A maior parte das expressões que usamos para comunicar sobre os serviços da Justiça não perdem rigor por serem comunicadas com palavras simples. A única coisa que precisamos de fazer é evitar as palavras “caras”, eruditas ou formais. 

Como?

É fácil, para pessoas instruídas, atentas e empáticas, perceber como fala a maioria da população ao seu redor e adaptar o seu discurso. Por vezes, nem precisamos de fazer muito esforço, basta escrever da forma como falamos. Para muitos de nós, a tendência para complicar o discurso só vem quando nos sentamos para escrever. Para contrariar essa tendência, pomo-nos no lugar de quem nos lê:

Escrevemos

Não escrevemos

dizer

verbalizar

maiúscula

capital

fazer

efetuar

 

 

O que ganhamos?

  • As palavras simples, por serem mais fáceis de entender, deixam menos espaço para erros na interpretação. Por isso, ajudam-nos a transmitir com mais rigor a informação.

  • As pessoas que nos leem sentem que a informação no site da Justiça também é para elas. Sentem-se incluídas e tidas em conta.

 

2. Substituir ou explicar os termos jurídicos e técnicos

As pessoas que não têm formação técnica numa determinada área dificilmente conhecem os termos que os profissionais dessa área usam no dia a dia, no seu trabalho. Por isso, quando falamos em assuntos sobre os quais somos especialistas, devemos evitar o uso de termos técnicos próprios da nossa área de especialização.

Por vezes, pode ser indispensável usar um termo técnico. Nestes casos, vamos explicar esse termo de forma que seja possível, a quem não está por dentro do assunto, entender do que falamos.
Evitamos também as expressões jurídicas em latim, a menos que não exista outro termo para aquela designação nem possa ser traduzida (ex: habeas corpus). Nestes casos, usamos a expressão em latim, mas acrescentamos uma explicação em linguagem clara. Em todos os outros casos, as expressões em latim devem ser substituídas por expressões em português (ex: sine qua non deve ser substituído por “indispensável” ou “essencial”).

 

Escrever frases curtas 

As frases curtas são mais fáceis de interpretar. Um texto é mais leve e lê-se mais depressa, quando as frases não têm mais de 35 palavras. Note que as frases de um texto não devem ter todas o mesmo tamanho. Só não podemos é cair em excessos que deixem sem fôlego quem nos lê.

Tal como as frases, também os parágrafos devem ser curtos. Um parágrafo de 6 linhas, formatado com o tamanho normal do corpo do texto numa página do Justiça.gov.pt é uma boa referência.

 

Usar listas para escrever enumerações

As listas são uma boa forma de encurtar as frases onde existem enumerações. Ajudam quem lê a interpretar mais facilmente as várias ideias presentes na frase, quando essas ideias dizem todas respeito ao mesmo assunto.

Além disso, o grafismo da lista ajuda as pessoas a perceberem rapidamente que ali vão encontrar uma listagem: de documentos, requisitos ou características, por exemplo.

 

Podemos fazer listas numeradas ou por pontos

Escrevemos listas numeradas:

  • quando o que estamos a enumerar tem uma sequência ou uma ordem de importância
  • quando a enumeração tem mais de sete elementos, para o leitor não saltar um elemento sem querer.

Escrevemos listas por pontos (ou bullets): quando não importa a sequência nem a ordem dos elementos.

Para escrever boas listas por pontos:

  • cada um dos pontos deve completar a frase que os introduz, sem que seja preciso ler os outros pontos (para testar, lemos a primeira frase e cada um dos pontos individualmente e ver se daí resulta uma frase com sentido)
  • utilizamos letra minúscula no início de cada ponto 
  • não escrevemos mais de uma frase (ou ideia) por ponto
  • não começamos o ponto por “e” ou “ou” 
  • se usarmos links, o link não deve abranger a frase toda, apenas uma parte que identifique especificamente a página para onde remetemos (ou uma ação a ela associada, por exemplo, “preencher o formulário”)
  • alinhamos o texto à esquerda
  • não usamos ponto e vírgula, nem vírgula, no final de cada ponto
  • terminamos a lista com um ponto final no último ponto.

Escrevemos

Não escrevemos

Antes de apresentar o pedido de registo, certifique-se de que:

  • não há uma marca igual ou semelhante à que quer registar

  • a marca permite distinguir os seus produtos ou serviços fazendo com que os consumidores sejam capazes de a reconhecer e distinguir das marcas de outras empresas existentes no mercado

  • a marca pode ser registada. 

O registo não é obrigatório. Todavia, é altamente aconselhável, dadas as múltiplas vantagens que oferece:

  • Permite valorizar o esforço financeiro e intelectual utilizado na conceção de novas marcas;

  • Confere um direito exclusivo que permite impedir que terceiros, sem o consentimento do titular, produzam, fabriquem, vendam ou explorem economicamente a marca registada;

 

 

Escrever frases simples

Para que uma frase seja simples e fácil de entender à primeira leitura, não basta ser curta. Tem de ter uma estrutura que não nos obrigue ler e reler para lhe encontrar um sentido. 

Algumas orientações para criar frases mais fáceis de entender à primeira leitura:

  1. Não encaixar várias ideias dentro da mesma frase
  2. Escrever frases na voz ativa

 

1. Não encaixar várias ideias dentro da mesma frase

Escreva frases com uma estrutura linear, sem expressões intercaladas. Ou seja, evite escrever frases dentro de frases, separadas por vírgulas.

Quando explicamos temas complexos, temos tendência para criar frases que agrupam muitas ideias. Escrevemos uma frase que contém uma ideia principal, no meio da qual são encaixadas algumas ideias secundárias. Para fazer isso, recorremos ao uso de vírgulas - muitas vírgulas. Este tipo de frases são difíceis de interpretar e podem confundir quem nos lê.

O ideal é separar a frase principal e as ideias secundárias, e criar frases autónomas para as diferentes ideias.

 

2. Preferir a voz ativa à voz passiva

As frases na voz ativa são mais claras que as frases na passiva. Quando lemos uma frase ativa ficamos logo no início da frase a saber quem é que desempenhou, ou deve desempenhar, a ação de que se fala na frase. Isso torna a nossa escrita: 

  • mais parecida com a forma como nos expressamos na oralidade

  • menos propensa a erros de interpretação

  • mais dinâmica. 

Escrevemos

Não escrevemos

Qualquer pessoa pode pedir o registo criminal.

O registo criminal pode ser pedido por qualquer pessoa.

Deve fazer já o registo.

O registo deve ser feito já.

 

 

Usar verbos em vez de substantivos

Os verbos são melhores que os substantivos para falar de ações. A frases com verbos são mais diretas e mais concisas do que as que usam substantivos para descrever ações.

Escrevemos

Não escrevemos

Declarar

Fazer a declaração

Registar

Realizar o registo

Pagar

Efetuar o pagamento

Receber

Efetuar a receção

Preencher

Efetuar o preenchimento

 

 

Dirigir a comunicação diretamente a quem nos lê

Conjugar verbos e usar pronomes é uma forma de personalizar e humanizar a comunicação. Além disso, esclarece quem é o sujeito da ação, ajudando quem nos lê a saber quando:

  • deve fazer alguma coisa

  • deve esperar que façamos alguma coisa.

Escrevemos

Não escrevemos

Registe o seu terreno.

Registar o terreno.

Declare o beneficiário efetivo.

Declarar beneficiário efetivo.

 

Exceção: Nos menus e botões de ação usamos antes expressões no infinitivo. Os verbos no infinitivo indicam que, clicando no botão, pode iniciar uma ação.

Informação atualizada a 14 junho 2022 14:27