Cuidados de saúde para reclusos com impacto no combate à Hepatite
Várias medidas têm vindo a garantir o acesso a cuidados de saúde no novo modelo para reclusos. A erradicação da Hepatite C nas prisões é um dos objetivos.
Profissional de saúde prepara injeção
A Hepatite C é encarada como um problema de saúde pública e o combate a esta doença é uma das preocupações centrais de várias organizações, que também apostam na divulgação dos sintomas e do diagnóstico no Dia Mundial das Hepatites, que ontem se assinalou a nível mundial.
A erradicação da hepatite C nas prisões é um dos objetivos de uma série de medidas que foram criadas para reforçar o acesso a cuidados de saúde nas prisões, e que abrangem outras doenças infeciosas, como o VIH e a hepatite B.
No ano passado, uma iniciativa conjunta entre os Ministérios da Justiça e da Saúde levou à assinatura de protocolos entre a Direção-Geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais (DGRSP) e diversos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), permitindo que os reclusos infetados com hepatite B e C e com VIH passassem a receber o tratamento na prisão prestado por médicos que se deslocam aos estabelecimentos prisionais.
A iniciativa já foi destacada pela OMS Europa que salientou o trabalho que foi feito na criação do novo modelo que abrange as áreas de direitos humanos, ética médica, fatores de riscos e gestão de saúde nas prisões. O artigo publicado sublinha ainda o reconhecimento das prisões como uma oportunidade para a saúde pública, já que o período de reclusão pode ser usado para tratar doenças infeciosas em indivíduos que, de outra forma, teriam acesso limitado ou interromperiam ciclos de tratamento devido a situações como pobreza extrema e vulnerabilidade social.
A assinatura de protocolos entre os 45 estabelecimentos prisionais e 28 Hospitais permitiu que os médicos–infeciologistas, gastrenterologistas e internistas se deslocassem às prisões para cuidar da população reclusa infetada com VIH, hepatites B e C. Segundo os últimos dados do Relatório do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direção-Geral da Saúde (DGS), mais de meio milhar de reclusos com hepatite C e perto de 300 infetados com VIH já receberam cuidados de saúde hospitalares nas prisões.
A medida está em funcionamento em 34 estabelecimentos, o que corresponde a 80% do total e já abrangeu 283 reclusos que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (VIH) e 511 infetados com hepatite C, refere o relatório da DGS.
No âmbito das ações para melhoria dos cuidados de saúde da população reclusa, uma parceria entre o Ministério da Justiça e o Ministério da Saúde também permite a realização de análises clínicas e prescrições de exames de diagnóstico aos reclusos de 11 Estabelecimentos Prisionais, de norte a sul do paí,s e ainda aos reclusos internados no Hospital Prisional de São João de Deus, em Caxias.