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kNOwHATE: produzir conhecimento em português sobre o discurso de ódio

Liderado pelo ISCTE, o kNOwHATE é um dos projetos com participação portuguesa que já asseguraram financiamento da Comissão Europeia em candidaturas ao programa CERV - Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores.
17 mai 2023, 17:46
Pessoa a escrever em teclado de computador portátil
Pessoa a escrever em teclado de computador portátil

“kNOwing online HATE speech: knowledge + awareness = TacklingHate” ou, de forma mais resumida “kNOwHATE”, concorreu à call CERV-2021-EQUAL e foi selecionado para financiamento. O projeto, apresentado em consórcio, é liderado pelo ISCTE e conta com mais cinco parceiros, com o objetivo de analisar, detetar e combater o discurso de ódio online, especificamente em língua portuguesa.

À partida, o que chegou a ser apontado como um possível handicap pelo consórcio ser restrito ao português, e inclusive só contar com parceiros nacionais, acabou por ser um aspecto distintivo. “Não existiam projetos financiados pela Comissão Europeia que falassem especificamente de discurso de ódio em língua portuguesa e foi um nicho que quisemos aproveitar e acabou por ser diferenciador”, referiu Rita Guerra, investigadora no CIS – ISCTE, durante uma sessão de informação sobre o programa, promovida pela Agência Nacional de Inovação (ANI).

Além de caraterizar e produzir conhecimento sobre o discurso de ódio em relação a certos grupos alvo, o kNOwHATE também se propôs a criar os chamados modelos de deteção automática, ou seja, um conjunto de ferramentas que permitem aos computadores detetarem discursos de ódio de uma forma automática em redes sociais como o Facebook, Twitter ou Instagram.

Como terceiro grande objetivo, pretendeu-se utilizar o conhecimento adquirido e os modelos de deteção automática para sensibilizar decisores políticos e informar políticas públicas para empoderar as várias comunidades alvo de discursos de ódio online.

“Foi algo tripartido de produção de conhecimento, transferência desse conhecimento e empoderamento da sociedade civil”, afirmou Rita Guerra resumindo os objetivos do projeto.   

A composição do consórcio apresentada foi só nacional, o que não é algo muito comum neste tipo de candidaturas, mas justificava-se pelo objetivo muito concreto do projeto de combater o discurso de ódio online em língua portuguesa. “Não fazia sentido parceiros que não eram fluentes em português”, sublinhou a investigadora no CIS – ISCTE.

O consórcio junta INESC ID, ILGA Portugal, Casa do Brasil de Lisboa, Alto Comissariado para as Migrações e IST-ID, em que cada parceiro representa diferentes áreas disciplinares, com know how específico, naquilo que se considera uma combinação equilibrada de centros de inovação interdisciplinares, organizações da sociedade civil e organizações governamentais.

Entre as razões que tornaram a candidatura do kNOwHATE bem-sucedida, Rita Guerra destaca o apoio institucional recebido pela universidade, o que deu acesso a uma série de recursos especializados, nomeadamente na área financeira, uma parte sempre complicada de gerir neste tipo de projetos.

Na opinião da investigadora, o segredo também passa pela resposta “exata e diretamente àquilo que é pedido” a cada um de todos os pontos apresentados na call, “utilizando as mesmas keywords, as mesmas expressões descritas nos objetivos”. De resto, “quem concorre a projetos de investigação sabe que é tentar e não desistir”, salientou.


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